Entre a Tecnologia e a Aprendizagem: A plataforma CriA.On vista por docentes

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Cristina Almeida e Cristina Ponte

Ao proporcionar novas possibilidades pedagógicas, comunicacionais e sociais, a CriA.On insere-se num conjunto de plataformas que podem transformar o papel da escola na era digital. Mas de que modos educadores e professores do 1º ciclo, em diferentes contextos e com diferentes vivências pessoais e profissionais, avaliam as suas características e potencialidades?

Foi o que procuramos conhecer através de entrevistas a docentes do Agrupamento de Escolas Rainha Santa, de meio rural, no distrito de Leiria. Com base na sua disponibilidade e vivências profissionais, reunimos contributos de sete profissionais, sobre a acessibilidade da plataforma, conteúdos existentes e a explorar, oportunidades e desafios.

A acessibilidade da plataforma reuniu consenso entre as entrevistadas:

  • Totalmente intuitiva e apelativa;
  • Através das categorias conseguia chegar ao que eu queria;
  • Coisas curtas, assuntos curtos, lê-se rapidamente;
  • Clareza e concisão de conteúdos;
  • Facilidade de acesso a conteúdos e boa estrutura de navegação, tanto na barra superior como nas categorias laterais.

Conteúdos disponíveis

  • Temas pertinentes e bem enquadrados. A vertente formativa permite aprendizagem entre pares. Conjuga recursos educativos e oportunidades de formação contínua; (Docente do 1º ciclo em início de carreira)
  • Enquadram-se no projeto educativo da escola, com pedagogia centrada na autonomia e interesses dos alunos e articulação de saberes; (Docente de escola com contexto pedagógico alternativo)
  • Os conteúdos têm correspondência com Cidadania e Desenvolvimento: literacia digital, segurança online, media, direitos humanos e risco. Tem pertinência no 1º Ciclo e nos seguintes. Os conteúdos estão bem alinhados com os programas no domínio do digital; (Docente multifunções: Coordena centro escolar, estratégia de cidadania e projeto Eco-Escolas)
  • É um incentivo para nós, pela diversidade de recursos, artigos, atividades e eventos formativos. Os temas vão ao encontro das necessidades pedagógicas dos professores. Mas para ser usada em São Tomé e Príncipe, teria de ser reestruturada, teria de ter em conta as assimetrias na formação de professores, na alfabetização digital, as infraestruturas; (Docente com experiência de ensino em STP)
  • As crianças com necessidades especiais aprendem com mais facilidade através da ludicidade, repetição e motivação gerada pelos jogos digitais. O digital oferece estratégias de reforço, permite aprendizagem mais eficaz; (Docente do ensino especial)
  • É um sítio onde nos podemos documentar, tirar dúvidas. Tem artigos de 3, 4 minutos, concretos, com informação muito clara, não andamos ali às voltas. (Professora bibliotecária).

Conteúdos a reforçar

  • Há pouca coisa para o pré-escolar. Mas há para os adultos; (Coordenadora de jardim de infância)
  • Mais conteúdos para a educação especial: materiais mais simples, adaptáveis, e com linguagem acessível, para alunos com dificuldades cognitivas ou de aprendizagem;
  • Mais recursos e conteúdos ligados à segurança na internet: conteúdos que reforcem ambientes digitais seguros e monitorizados; proteção das crianças online, na exposição digital e riscos associados às pesquisas e navegação autónoma. (várias)

Oportunidades e desafios

  • Poder usar conteúdos da plataforma em reuniões com pais, como forma de divulgar informação fiável e promover a supervisão parental; (Coordenadora de Jardim de Infância)
  • Não ser um repositório de conteúdos, mas ser também um espaço de crescimento profissional; (Professora em início de carreira)
  • Contextualização cultural, pedagógica e tecnológica deste tipo de recurso noutros países da lusofonia, em especial em contextos de maior vulnerabilidade; (Docente com experiência de ensino em STP)
  • Deveria ser formalmente disseminada pelas direções dos agrupamentos e chegar aos coordenadores e docentes da área da cidadania; (Docente multifunções)
  • Criação de conteúdos para faixas cognitivas que estão ao nível de alunos de 8 anos e menos; (Professora do ensino especial)
  • Criar uma secção mais interativa e direcionada para as crianças, que permita uma exploração autónoma, lúdica e pedagógica. Ter uma estratégia de dinamização prática e motivadora, que transforme a plataforma num instrumento vivo de trabalho pedagógico. “É demasiado boa para estar escondida.” (Professora bibliotecária)

Nota: Esta auscultação a profissionais de educação realizada no final do ano letivo de 2024/2025, bem como outras apreciações que fomos solicitando ao longo do ano, a colegas de outros países da lusofonia, foi de grande utilidade para identificarmos o que pode ser melhorado: mais interação com os vários públicos; maior diversidade de vozes e de conteúdos; mais momentos de debate e formação; mais produção própria de recursos, através de processos colaborativos com jovens e/ou profissionais. E, sim, reforço da sua disseminação, nomeadamente na rede escolar.

Consideramos essencial compreender como as escolas estão a responder aos desafios contemporâneos da educação, por isso convidamos outros docentes a explorarem a plataforma e a partilharem connosco as suas notas.

Sobre as Autoras

Cristina Almeida

Professora de Inglês do 1º Ciclo, lecionou também no 3.º Ciclo e Ensino Secundário.

Doutoranda em Ciências da Comunicação na NOVA FCSH, investiga a representação da parentalidade em revistas femininas e redes sociais.

Cristina Ponte

Professora Catedrática - NOVA FCSH. ICNOVA

Tem investigado a relação de crianças e jovens com os media na perspetiva dos seus direitos e contextos familiares em projetos nacionais e europeus.