

Cristina Almeida e Cristina Ponte
18 de Setembro, 2025

Ao proporcionar novas possibilidades pedagógicas, comunicacionais e sociais, a CriA.On insere-se num conjunto de plataformas que podem transformar o papel da escola na era digital. Mas de que modos educadores e professores do 1º ciclo, em diferentes contextos e com diferentes vivências pessoais e profissionais, avaliam as suas características e potencialidades?
Foi o que procuramos conhecer através de entrevistas a docentes do Agrupamento de Escolas Rainha Santa, de meio rural, no distrito de Leiria. Com base na sua disponibilidade e vivências profissionais, reunimos contributos de sete profissionais, sobre a acessibilidade da plataforma, conteúdos existentes e a explorar, oportunidades e desafios.
A acessibilidade da plataforma reuniu consenso entre as entrevistadas:
- Totalmente intuitiva e apelativa;
- Através das categorias conseguia chegar ao que eu queria;
- Coisas curtas, assuntos curtos, lê-se rapidamente;
- Clareza e concisão de conteúdos;
- Facilidade de acesso a conteúdos e boa estrutura de navegação, tanto na barra superior como nas categorias laterais.
Conteúdos disponíveis
- Temas pertinentes e bem enquadrados. A vertente formativa permite aprendizagem entre pares. Conjuga recursos educativos e oportunidades de formação contínua; (Docente do 1º ciclo em início de carreira)
- Enquadram-se no projeto educativo da escola, com pedagogia centrada na autonomia e interesses dos alunos e articulação de saberes; (Docente de escola com contexto pedagógico alternativo)
- Os conteúdos têm correspondência com Cidadania e Desenvolvimento: literacia digital, segurança online, media, direitos humanos e risco. Tem pertinência no 1º Ciclo e nos seguintes. Os conteúdos estão bem alinhados com os programas no domínio do digital; (Docente multifunções: Coordena centro escolar, estratégia de cidadania e projeto Eco-Escolas)
- É um incentivo para nós, pela diversidade de recursos, artigos, atividades e eventos formativos. Os temas vão ao encontro das necessidades pedagógicas dos professores. Mas para ser usada em São Tomé e Príncipe, teria de ser reestruturada, teria de ter em conta as assimetrias na formação de professores, na alfabetização digital, as infraestruturas; (Docente com experiência de ensino em STP)
- As crianças com necessidades especiais aprendem com mais facilidade através da ludicidade, repetição e motivação gerada pelos jogos digitais. O digital oferece estratégias de reforço, permite aprendizagem mais eficaz; (Docente do ensino especial)
- É um sítio onde nos podemos documentar, tirar dúvidas. Tem artigos de 3, 4 minutos, concretos, com informação muito clara, não andamos ali às voltas. (Professora bibliotecária).
Conteúdos a reforçar
- Há pouca coisa para o pré-escolar. Mas há para os adultos; (Coordenadora de jardim de infância)
- Mais conteúdos para a educação especial: materiais mais simples, adaptáveis, e com linguagem acessível, para alunos com dificuldades cognitivas ou de aprendizagem;
- Mais recursos e conteúdos ligados à segurança na internet: conteúdos que reforcem ambientes digitais seguros e monitorizados; proteção das crianças online, na exposição digital e riscos associados às pesquisas e navegação autónoma. (várias)
Oportunidades e desafios
- Poder usar conteúdos da plataforma em reuniões com pais, como forma de divulgar informação fiável e promover a supervisão parental; (Coordenadora de Jardim de Infância)
- Não ser só um repositório de conteúdos, mas ser também um espaço de crescimento profissional; (Professora em início de carreira)
- Contextualização cultural, pedagógica e tecnológica deste tipo de recurso noutros países da lusofonia, em especial em contextos de maior vulnerabilidade; (Docente com experiência de ensino em STP)
- Deveria ser formalmente disseminada pelas direções dos agrupamentos e chegar aos coordenadores e docentes da área da cidadania; (Docente multifunções)
- Criação de conteúdos para faixas cognitivas que estão ao nível de alunos de 8 anos e menos; (Professora do ensino especial)
- Criar uma secção mais interativa e direcionada para as crianças, que permita uma exploração autónoma, lúdica e pedagógica. Ter uma estratégia de dinamização prática e motivadora, que transforme a plataforma num instrumento vivo de trabalho pedagógico. “É demasiado boa para estar escondida.” (Professora bibliotecária)
Nota: Esta auscultação a profissionais de educação realizada no final do ano letivo de 2024/2025, bem como outras apreciações que fomos solicitando ao longo do ano, a colegas de outros países da lusofonia, foi de grande utilidade para identificarmos o que pode ser melhorado: mais interação com os vários públicos; maior diversidade de vozes e de conteúdos; mais momentos de debate e formação; mais produção própria de recursos, através de processos colaborativos com jovens e/ou profissionais. E, sim, reforço da sua disseminação, nomeadamente na rede escolar.
Consideramos essencial compreender como as escolas estão a responder aos desafios contemporâneos da educação, por isso convidamos outros docentes a explorarem a plataforma e a partilharem connosco as suas notas.
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Sobre as Autoras
Cristina Almeida
Professora de Inglês do 1º Ciclo, lecionou também no 3.º Ciclo e Ensino Secundário.
Doutoranda em Ciências da Comunicação na NOVA FCSH, investiga a representação da parentalidade em revistas femininas e redes sociais.
Ver Publicações →Cristina Ponte
Professora Catedrática - NOVA FCSH. ICNOVA
Tem investigado a relação de crianças e jovens com os media na perspetiva dos seus direitos e contextos familiares em projetos nacionais e europeus.
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